sábado, 26 de dezembro de 2009

UMA BÊNÇÃO CHAMADA SOBRIEDADE, I Ts 5.6

Dentre os muitos males que afligem a sociedade hodierna, facilmente se verifica que um dos mais acentuados é a ausência de sobriedade.
O vocábulo sobriedade em sua primeira acepção se relaciona com a temperança, a sabedoria no comer e no beber. No entanto, na Bíblia Sagrada ela alcança uma dimensão muito mais ampla e quer dizer comedimento, parcimônia, moderação, naturalidade, ausência de complicação, simplicidade.
Embora esta palavra e seus derivados ocorram apenas 11 vezes em sua forma literal no texto canônico, os estudiosos da Escritura Sagrada sabem que o conceito de sobriedade se espalha ao longo das paginas do Livro Eterno.
A perda da sobriedade tem levado as pessoas a serem espalhafatosas, ridículas, altivas, exageradas, impulsivas e em extremo vaidosas.
Ser sóbrio é um requerimento fundamental imposto aos que desejam um tipo de vida agradável aos olhos de Deus.

1. O PADRAO BIBLICO PARA TODOS OS CRENTES

O apõstolo Paulo dirigiu uma notável recomendação ao pastor Tito, cuja importância os séculos não podem omitir, muito menos anular. Vejamos o precioso texto:
Ensinando-nos que, renunciando à impiedade e às concupiscências mundanas, vivamos neste presente século sóbria, justa e piamente. Tito 2.12
O versículo nos conduz a duas lapidares reflexões:
(1) Temos que ter coragem suficiente para renunciar ao padrão de vida existente no mundo, o qual se baseia em dois sórdidos princípios: impiedade e concupiscência.
(2) O tipo de vida do crente neste presente século precisa manter-se em um padrão previamente estabelecido por Deus e que se baseia em três nobres fundamentos: sobriedade, justiça e piedade.
Isto significa que o crente deve hastear estas três bandeiras durante toda sua peregrinação terrena: a da sobriedade, que diz respeito ao equilíbrio horizontal; a da justiça, que corresponde ao equilíbrio vertical, ou seja, viver sob o prumo de Deus, o Justo Juiz e a piedade, que é o somatório dos dois elementos anteriores.
A sobriedade é um permanente sinal de alerta que nos acompanha e que nos permite exercer o dever da vigilância com sucesso.
Por tal motivo Paulo encaminhou uma solene exortação aos crentes da igreja na cidade de Tessalônica: Não durmamos, pois, como os demais, mas vigiemos, e sejamos sóbrios, I Ts 5.6.
Quem dorme não vigia. Quem vigia não dorme.
Paulo acrescenta que os que dormem, dormem de noite, e os que se embebedam, embebedam-se de noite.
O uso da sobriedade permite que cada atitude nossa corresponda ao período de tempo que vivemos. Existem as coisas próprias do dia e as coisas próprias da noite.
Os sóbrios sabem com precisâo o que devem fazer durante o dia e também o que devem fazer à noite.
Os crentes que aprenderam a viver em sobriedade de vida destacam-se dos demais por três motivos: a) pela fe que cultivam; b) pelo amor que demonstram; c) pela esperança que nutrem.
Mas nós, que somos do dia, sejamos sóbrios, vestindo-nos da couraça da fé e do amor, e tendo por capacete a esperança da salvação.
Esse texto realça as três virtudes teologais, magistralmente expostas por Paulo em I Co 13.13: fe, esperança e amor.
Elas precisam de um embasamento de sobriedade para terem livre curso na vida de cada filho ou filha de Deus.
A fe sem sobriedade pode se transformar em mero exibicionismo religioso.
A esperança sem sobriedade pode conduzir ao fanatismo religioso, do tipo desses, por exemplo, que levantam lideres que marcam a data da volta de Jesus e hipnotizam seus seguidores.
O amor sem sobriedade pode se transformar em simples filantropia, facilmente convertida em instrumento de proselitismo.

2. A AREA DE AÇÃO DA SOBRIEDADE

Todos, sem exceção, devemos ser, precisamos ser sóbrios.
A sobriedade deve estar presente na vida, nos sentimentos, nas palavras e nos atos dos que já atingiram a terceira idade.
Os velhos, que sejam sóbrios, Tt 2.2.
Milhões hoje tentam de muitas maneiras, desesperada e levianamente passar a imagem de jovens, esquecidos de que as cãs são a coroa dos velhos, como declarou Salomão.
Os jovens esperam encontrar nos mais velhos exemplo de maturidade, palavras de confiabilidade e gestos de idoneidade.
A sobriedade deve estar presente no lar, particular e especialmente em cada esposa.
Da mesma sorte as esposas sejam honestas, não maldizentes, sóbrias e fiéis em tudo, I Tm 3.11.
Quantas famílias têm conhecido o infortúnio da separação devido à falta de sobriedade das esposas.
Sobriedade é irmã gêmea da sabedoria e a mulher sabia edifica seu lar, Pv 14.1
Ate um louco chamado Nabal encontra felicidade, por se haver casado com Abigail, um imortal exemplo de sobriedade.

3. A SOBRIEDADE NO MINISTERIO
Sobriedade e Ministério são inseparáveis.
Nunca pode ser esquecida a recomendação de Paulo ao jovem obreiro Timóteo:
Convém, pois, que o bispo seja irrepreensível, marido de uma mulher, vigilante, sóbrio, honesto. I Tm 3.2. Que tríade admirável na vida de um homem de Deus: vigilância, sobriedade, honestidade.
O Obreiro deve ser sóbrio no falar. Isto significa ser comedido, não dizer mais do que deve ser dito e principalmente falar a verdade em amor.
Existem obreiros que exageram quando dão relatórios da Obra de Deus. Eles põem dez mil pessoas onde só cabem duas mil, etc.
Há outros que cursaram dois meses de Seminario e já querem ser reconhecidos como teólogos.
O Obreiro não precisa ser um propagador de suas próprias virtudes. Que um outro te louve, e não a tua própria boca; o estranho, e não os teus lábios, Pv 27.2.
O sucesso no Ministério esta associado a quatro fatores, a saber: a) a plenitude de sobriedade; 2) a capacidade de sofrer; 3) a sensibilidade para realizar o ministério especifico que se recebeu; 4) a disposição para cumprir esse ministério.
Mas tu, sê sóbrio em tudo, sofre as aflições, faze a obra de um evangelista, cumpre o teu ministério, II Tm 4.5.
Como vimos, a plenitude de sobriedade está descrita pelo apóstolo Paulo com a extraordinária expressão: se sóbrio em tudo.

4. SOBRIEDADE E AVIVAMENTO

Avivamento tem sido uma palavra extremamente freqüente no vocabulário diuturno do povo de Deus. Nos últimos vinte e cinco anos essa palavra passou a ocupar um lugar proeminente, especialmente nos círculos pentecostais.
Um extraordinário mover do Espírito de Deus tem sido experimentado em praticamente todo o mundo.
Milhões de pessoas têm sido salvas, um número incontável de milagres de diferentes dimensões tem sido testemunhado e mais novas igrejas têm aparecido do que em qualquer outra época da historia da Igreja.
Como nas demais áreas da vida cristã, o Avivamento também exige sobriedade.
As pessoas que têm sido abençoadas por Deus com manifestações extraordinárias precisam resistir às tentações que soem acontecer, em épocas de avivamento.
E preciso haver sobriedade em cada coração, a fim de um não se sentir superior aos demais irmãos.
É preciso haver sobriedade no relato do sobrenatural, a fim de que somente corresponda a verdade. Jamais se deveria confundir pessoal intuição com revelação divina.
É preciso haver sobriedade no contato com os Obreiros que não conseguiram assimilar as idéias e os fatos relacionados com o sobrenatural.
A sobriedade faz com que as pessoas não se afastem do terreno da humildade e não percam o honrado sentimento de gratidão.
Deus não envia Avivamento para humilhar uns e exaltar outros, senão para abençoar a todos.
Os crentes fieis e sinceros que não estão do lado de dentro do Avivamento precisam ser tratadas também como filhos de Deus.
A sobriedade faz com que as pessoas se mantenham fieis às regras do bom relacionamento, da convivência pacifica e principalmente do exercício do perdão.
Um adorador diuturno não é mais filho de Deus que um adorador ocasional. A sobriedade ensina a ajudar, e nunca a criticar. A respeitar, e nunca combater.
Louvemos a Deus por todas as pessoas que estão hasteando e empunhando corajosamente a bandeira do Avivamento e esperemos em Deus que jamais se embriaguem, a ponto de perderem a sobriedade.
Achaste mel, filho meu? Come o que te basta, para que porventura não te fartes dele, e o venhas a vomitar. Pv 25.16.

5. A INDISPENSABILIDADE DA SOBRIEDADE

A sobriedade é indispensável por ser ela que conduz o crente ao estado de vigilância.
E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração, I Pe 4.7.
A sobriedade é indispensável porque nos sinaliza o dever da pratica da oração.
E já está próximo o fim de todas as coisas; portanto sede sóbrios e vigiai em oração.
A sobriedade é indispensável porque fortalece a nossa esperança na graça especifica da volta do Senhor Jesus.
Portanto, cingindo os lombos do vosso entendimento, sede sóbrios e esperai inteiramente na graça que se vos ofereceu na revelação de Jesus Cristo, I Pe 1.13.
Que o Senhor em tudo nos abençoe e em tudo nos faça sóbrios, para Seu louvor e glória.

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